segunda-feira, 21 de março de 2011

XI ASSÉMBLEIA ANUA DA ASSOCIAÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS DA MATA NORTE 1º DIA


VIDA PLENA E MEIO AMBIENTE
Associação Mata Norte- 1º dia

*Pr. Edivaldo Rocha

Tema "Vida Plena e Meio Ambiente"

Na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora" (Romanos 8.21-22).

            Caros irmãos em Cristo, para mim é um prazer reencontrar todos vocês neste evento, pois no ano de 2009, quando essa Assembleia acontecia na cidade de Ferreiros, eu tomava posse como pastor da Primeira Igreja Evangélica Batista em Ferreiros. Aquele foi com certeza um dia especial, pois pude contar com a receptividade dos colegas pastores, bem como da Associação Mata Norte como um todo. Então, o fato de receber a incumbência da Ministração da Palavra nesses dois dias de assembleia só aumenta a nossa alegria.
            Sei, por estar presente nas últimas assembleias da Associação Mata Norte, que o primeiro dia é curto para uma pauta tão longa de atividades. Por isso, hoje, não pretendo me estender demais, apontando apenas algumas questões introdutórias acerca do tema e da divisa dos batistas brasileiros para o ano de 2011.
            O tema deste ano, Vida Plena e Meio Ambiente, é bem incomum, considerando os anos anteriores. Porém, ele enfoca uma necessidade de dirigirmos um novo olhar para a natureza que nos cerca, para o meio ambiente que nos envolve, para a Criação do nosso Deus.
            A passagem da Carta aos Romanos 8:21-22 que diz, “na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus, porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora”, só reforça que o quadro ambiental que se apresenta mundialmente precisa ser encarado e discutido por todos os setores da sociedade. A Igreja inclui-se dentre esses setores.
            Talvez a falta de reflexão por parte da Igreja, no que diz respeito ao meio ambiente se dê por deduções equivocadas que fazemos de algumas passagens bíblicas. Entendendo que tais deduções não são necessariamente uma interpretação ou uma postura oficial da Igreja, mas uma lógica, um raciocínio superficial e comparativo da nossa vida aqui e da vida que teremos com Deus.
            Deixem-me ilustrar isso: se fossemos comprar um aparelho de TV, um rádio, uma casa ou um carro e ao lermos o termo de garantia, constatássemos o seguinte item – caro usuário, o produto que você adquiriu foi fabricado dentro dos mais altos padrões de qualidade; você pode usá-lo como quiser, pois quando estiver demasiadamente desgastado, você terá a garantia de receber um produto novo – se esse item estivesse presente nos certificados de garantias dos produtos que adquirimos, certamente nossa postura de consumo seria diferente. Por mais que fossemos zelosos, a garantia de recebermos um novo produto afetaria a maneira como o usamos.
            É mais ou menos esse raciocínio que muito crentes fazem quando leem algumas passagens como, por exemplo, a que está descrita no livro do Apocalipse 21:1-7
“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. 2Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. 3Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. 4E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.5E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. 6Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida. 7O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho.”

            Notem a lógica: para que se preocupar com o mundo, com o meio ambiente se os fiéis receberão um novo céu e uma nova terra.
            Certa vez, um colega ao ver em minha habilitação que eu era doador de órgão e tecidos (há um tempo era legal informar isso nos documentos de identificação, mas hoje é quem decide é a família) disse: “você é louco em colocar isso em seu documento? Se você sofrer um acidente e lerem isso em sua habilitação você corre o risco dos médicos preferirem usar seus órgãos para salvar outras pessoas no lugar de salvar a sua vida”. Lembro-me que na eu respondi que não tinha medo desse perigo por dois motivos: primeiro, que Deus não me deixaria morrer de véspera, só no dia determinado; segundo, que ele havia me prometido um corpo novo. Caso Deus tivesse prometido reformar o corpo antigo, talvez eu pensasse diferente antes de decidir registrar que sou doador.
            Esse raciocínio afeta a maneira como encaramos as coisas da vida. A certeza de novo céu, nova terra, novo corpo faz muitos crentes serem descuidados com o próprio corpo, imaginem com o meio ambiente. Como alguns de vocês sabem, eu trabalho em um Posto de Saúde no Recife. Diariamente eu constato isso que estou dizendo, pois muitos crentes deixam de ir para uma consulta médica que estavam precisando, porque o dia da consulta coincidiu com o dia do culto de oração; muitos crentes diagnosticados com hipertensão e diabetes não tomam suas medicações como deveriam. Acontece isso com os não crentes também? Sim. E os motivos que levam a esse descuido podem ser também os mesmos, porém alguns crentes, por terem a certeza de vida eterna, a certeza de salvação, a certeza de receber um corpo transformado, acabam por descuidar de sua saúde.
            Ao constatarmos esse quadro, fazemos a seguinte pergunta: como falar de meio ambiente, quando constatamos que muitos crentes não cuidam nem de sua própria saúde?
A Bíblia nos exorta a respeitarmos e intercedermos pelas autoridades constituídas (Rm13 Tt 3:1; 1Pe 2:13-14). Isso nos faz refletir sobre de política. A Bíblia nos exorta sobre a importância de ensinar os filhos no caminho em que devem andar (Pv 22:6). Isso nos faz refletir sobre Educação; a Bíblia nos exorta a refletir sobre hábitos de higiene e alimentares (Lv 11;12). Isso nos faz pensar sobre Saúde; a Bíblia afirma que a Criação geme e suporta angústias por conta da corrupção (Gn 3:17-18; Rm 8:22-23). Isso deve nos fazer refletir sobre Meio Ambiente.
Diante de tudo isso, percebemos um grande desafio para os cristãos batistas nesse ano de 2011: o desafio de refletir as suas práticas no mundo que o cerca, pois o título de forasteiros em outra pátria (1Pe 2:11) não nos isenta de nossas responsabilidades para com a criação de Deus. E a maneira como esses desafios devem ser encarados apresentaremos na próxima mensagem.
           

Nenhum comentário:

Postar um comentário