segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014



QUANDO AS LUTAS SÃO MAIORES QUE NOSSAS FORÇAS

*Pr. Edivaldo Rocha 

“Naquele tempo, Jesus exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e eruditos, e as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, ó Pai, porque assim o quiseste. 27 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. 30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11:25-30)
 Mesmo que muitos digam o contrário, um milagre é uma coisa extraordinária. Hoje estamos vivendo dias em que as pessoas dizem que veem milagres em qualquer esquina. Milagre é algo fora do comum e acontece em situações extremas.
Há poucos relatos na Bíblia em que a menção de muitos milagres foram realizados em pouco espaço de tempo. A primeira menção destaca o momento em que Moisés atuava como líder do povo de Israel. Desde as dez pragas até o fim de sua jornada no deserto, a vida de Moisés foi marcada pela realização de milagres. Outra ocasião marca o período dos ministérios de Elias e Eliseu. Após esses dois célebres profetas algo deste tipo só foi visto no ministério de Jesus.
Nunca tantos milagres foram realizados como no ministério de Jesus. O evangelista João narra que se cada um deles fosse escrito, não haveria livros suficientes para registrá-los (Jo 21:25).
O trecho bíblico que lemos do evangelho de Mateus é antecedido por um fato de falta de fé generalizado em algumas cidades pelas quais Jesus passou. Do verso 20 ao verso 24 do evangelho de Mateus há uma crítica dirigida a algumas cidades que não deram crédito aos milagres que Jesus havia realizado. Jesus disse que se em outros lugares fosse realizado o que nessas cidades foi realizado, vidas e mais vidas teriam sido poupadas.
Jesus continua dizendo que os olhos dessas pessoas estavam fechados para as coisas de Deus, mas havia pessoas que não tinham seus olhos fechados para as maravilhas de Deus em favor da humanidade. Jesus chamou essas pessoas de pequeninos. Literalmente, ele disse: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e eruditos, e as revelaste aos pequeninos” Mt 11:25.
Os eruditos e os sábios daquele tempo não conseguiam enxergar a glória de Deus por conta de sua autossuficiência. Uma pessoa autossuficiente é aquela que vive como se não precisasse de alguém ou de alguma coisa. Uma pessoa autossuficiente tem a tendência de depositar a sua confiança em algo material, algo que ela possa segurar em suas mãos. O autossuficiente tenta controlar a sua vida de tal forma que nada lhe saia do controle.
Não quero aqui que a igreja pense que advogo que devamos viver desordenadamente ou sem o devido planejamento.  O quero alertar, nessa noite, é que por mais previsões e planejamentos que façamos, há coisas que fogem do nosso controle. Nas instâncias públicas há uma expressão que se encaixa bem nesse contexto. Quando algo não pode ser resolvido por um dado profissional, geralmente, este profissional usa a expressão: “isso foge da minha governabilidade”. O que isso quer dizer é que aquele dado assunto não está dentro do alcance da sua competência profissional.
No plano vivencial, também há coisas que fogem da nossa governabilidade e que geram uma pergunta crucial: “o que fazer quando as lutas são maiores que as nossas forças?”
Antes de responder essa pergunta, precisamos entender algumas coisas básicas acerca dos das lutas e dos problemas:
1-                 Há problemas que resolvem se por conta própria e com o tempo. Esse é um tipo e problema que quanto mais se mexe nele, maior ele fica. É como se esse problema fosse nutrido com a nossa intervenção, então quanto mais atenção damos a ele, maior ele se torna. Imagine uma pessoa que está sofrendo por conta da perda de uma pessoa amada. Muitas vezes as palavras, o contato nada ajuda. Nesses casos só o tempo dará o devido alento. Às vezes, algumas questões familiares também precisam ser encaradas nessa perspectiva. Há conflitos que não podem ser abordados assim que ocorrem, porque há muitas emoções que precisam ser reordenadas, mas com o passar do tempo o furor, a angústia, a tristeza, a frustração já podem ser trabalhadas e às vezes curam-se sozinhas – contudo, não podemos achar que todo problema se resolve por conta própria. Há problemas que precisarão ser discutidos e afinados o quanto antes, a fim de evitarmos as famosas bolas de neve.
2-                 Há outros problemas com os quais lidamos todos os dias. Imprevistos e enfermidades moderadas, uma conta que extrapolou o nosso orçamento, etc. Para esse tipo de problema, basta refletirmos acerca da melhor maneira de contorná-lo que rapidamente se resolve. O cuidado que precisamos ter com um problema desse nível é não super estimá-lo. Muitas pessoas se desesperam diante de qualquer probleminha que acontece. A expressão fazer tempestade com um copo de água se encaixa bem para uma pessoa como essa; eu costumava brincar com essas pessoas dizendo que o rio de lágrimas que elas choravam era mais fundo que os demais. Se “um rio de lágrimas” já é um exagero imagine um mais fundo ainda.
3-                 Há aqueles problemas mais graves que precisarão da ajuda de outros indivíduos para ajudar a solucionar. Esse tipo de problema tira o sono, afeta o nosso emocional e compromete a rotina que estabelecemos para nós. Porém,  por mais que seja grave, uma coisa é certa com esse tipo de problema: conseguimos dar conta. Eles ainda estão dentro da nossa governabilidade e por mais difícil que seja, mesmo que nos custe muitos cabelos brancos, ainda damos conta deles.
4-               Antes de passar para o outro nível/tipo de problema quero dizer que até agora o que estou apresentando é apenas uma ilustração, portanto, vocês não precisam concordar ao pé da letra com as definições que ofereci até agora. Talvez alguém já esteja resmungando consigo mesmo dizendo que só há dois tipos de problemas: os ruins e os piores. Esse nivelamento que coloquei até agora é bem relativo e caberá a você decidir como internalizar ou reformular essa informação. Contudo quero chamar a atenção de vocês para um outro nível de problema (o qual é de fato o motivo de nossa reflexão): aqueles problemas que estão além de nossas forças.
1Co 10:13 diz: Não veio sobre vós nenhuma tentação que não fosse humana. Mas Deus é fiel e não deixará que sejais tentados além do que podeis resistir. Pelo contrário, juntamente com a tentação providenciará uma saída, para que a possais suportar”. E de fato, Deus não dará nada além de suas forças, pois o que for além de suas forças é com ele e não com você.
E aqui nós temos um problema vivenciado por muitos cristãos modernos: tentar resolver o que é da alçada de Deus. O brasileiro é por natureza um tipo de pessoa que aprendeu a se virar sozinho desde criança. Às vezes, internalizamos aquela expressão que diz cada um por si e Deus por todos e nos esquecemos do salmista que diz, “se não fosse o Senhor que estivesse ao nosso lado, Israel que o diga”.
O que esse tipo de comportamento revela é uma postura independente do cristão para com seu Deus. A Palavra do Senhor alerta que se nos achegarmos a Deus, ele se achegará a nós, mas mesmo assim, há muita gente que está preferindo agir isoladamente como se não houvesse alguém para lutar conosco as nossas batalhas.
Infelizmente, inúmeros cristãos pararam de recorrer a Deus só pela vaidade de dizer que conquistou o que tem por esforço próprio.
Meus queridos, há coisas, há situações, há problemas que estão dentro da nossa governabilidade. Esses estão dentro daquele limite daquilo que podemos suportar. Mas há um outro nível de problema que está na governabilidade de Deus.
Talvez você queira perguntar uma coisa nesse momento: “se está na governabilidade de Deus, por que ele não resolve logo?”. Permita-me responder por que Deus não resolve, de imediato esse tipo de questão: porque nós mesmos estamos atrapalhando o agir de Deus com o nosso ego do tamanho de um elefante.
É claro que isso não se aplica a todo crente com um problema maior que a sua capacidade de suportar. Muitos ainda têm problemas desse nível para resolver pelo fato de não ter buscado o socorro de Deus. De um lado temos gente que não quer a ajuda de Deus e outros que não sabem com obtê-la.
Permitam-me fazer uma pergunta bem pessoal a você nesta noite: há algo que está te deixando cansado, frustrado, triste que você não consegue ou não sabe como resolver? Avalie comigo nesse momento: não será que esse não é um desses problemas da governabilidade de Deus?
Nós corremos tanto para dar contas dos prazos, das contas, das cobranças que nos são impostas; lutamos tanto para conquistar algo para nossas vidas; ficamos tão envolvidos com os dilemas que nos sobrevêm que quando nos damos conta estamos paralisados e sem alternativas. Sabe o motivo de isso acontecer, porque estamos cansados de lutar e não ver resultados; estamos sobrecarregados com tantas demandas que não sabemos o que fazer.
São nessas horas que precisamos olhar para a Bíblia e enxergar o que Jesus carinhosamente nos fala: ele diz “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. 30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”.
Aprenda uma coisa nessa noite: quando a luta ou o problema for maior que suas forças, não há outra opção a não ser correr para os braços de Jesus.
http://youtu.be/i2HfU8LqwEE