sábado, 12 de fevereiro de 2011

Jeremias 18


BARRO MOLHADO
*P. Edivaldo Rocha

O Salmo 2:8 expressa: “com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro.” Essa passagem complementa o verso sete que é bem conhecido de toda igreja – “pede-me e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão.” Significando que, aquele que busca o Senhor herdará as terras do opressor e poderá fazer com ela o que quiser. Mas não é sobre isso que refletiremos nessa noite. Refletiremos na segunda parte do verso oito que fala do vaso de oleiro.
Nessa narrativa, o vaso aparece como algo que pode ser quebrado com muita facilidade. Disso não duvidamos, pois uma pedra, um pedaço qualquer de madeira, uma barra de metal, ou uma esfera de metal e uma baleadeira reduzem uma jarra feita de barro a cacos com um só golpe.
Um vaso ou um jarro é destruído com facilidade por conta de seu estado sólido. Todos aqui sabem que um jarro de barro tem duas matérias primas: água e o barro. Os dois são misturados, formando uma massa que é modelada e posta no forno. Depois de determinado tempo, está pronto o jarro, conforme o gosto do cliente e do oleiro.
O que causa estranheza é que depois de todo esse processo, o barro fica muito menos resistente que antes do aquecimento. O barro quando está molhado, por mais estranho que possa parecer, é mais resistente que depois de aquecido.
Faça o mesmo teste da pedra, do pedaço de madeira, da barra de metal e da esfera de metal com a baleadeira no barro molhado e comprove o resultado. Podemos bater, bater e bater e atirar objetos contra o barro molhado e o que teremos será apenas um afastamento. Antes e depois de atingido ele continuará sendo barro molhado. Diferente do vaso de barro, que depois de atingido se tornará cacos, ou pó.
Cerca de 600 anos a.C., o profeta Jeremias aprendeu uma lição semelhante, quando se dispôs a ir a um lugar que fabricava jarros. O texto narra o seguinte: (fazer leitura de Jr 18: 1-6).
Com base nessa passagem, falarei sobre dois tipos de crentes.
*             CORAÇÃO ENDURECIDO
O primeiro deles é o crente que se deixa endurecer, como se outrora fosse barro molhado que passou pelo forno aquecido. Esse tipo de crente um dia permitiu que o Senhor, todo poderoso modelasse a sua vida, conforme a vontade divina. O passar do tempo foi como uma fornalha que retira a umidade espiritual. Pois o crente precisa ser molhado regularmente pelo Rio de Água Viva, que a ação de Jesus em sua vida, a fim de permanecer sempre flexível, moldável a vontade de seu Deus.
Não são poucos os momentos que nos fazem endurecer o coração. Muitas vezes a hostilidade de um irmão para com outro, a falta de exercício da fé e o descuidado com a obra do Senhor faz com que o crente endureça o coração. Um crente com o coração endurecido é semelhante a um jarro de barro que passa pelo fogo. Ele chega a um estado de solidez que o faz pensar que será resistente a qualquer coisa, mas na realidade, quando é atacado com as armas que o inimigo usa contra o povo de Deus, esse tipo de crente é destruído, é quebrado, é estilhaçado, é feito pó.
Sei que quando decodificamos essa analogia, parece uma cena triste de se ver. Contudo, é o fim daquele que se deixou endurecer. Inúmeras vezes, quando Deus se dirigiu ao povo, ele disse, “não endureçais o vosso coração”, porque um coração endurecido não contempla a vontade de Deus. No juízo final, aqueles que têm um coração desse tipo lamentarão e chorarão na sua arrogância.
*             CORAÇÃO MALEÁVEL
Por outro lado, o crente que tem um coração maleável, flexível é como um vaso na mão do oleiro, que ao sinal de qualquer imperfeição é desmanchado e reedificado, tornando-se um novo utensílio.
Para aqueles que acham que ser desmanchado por Deus é algo desagradável, eu só tenho a dizer que esses não sabem o que dizem, porque não há nada melhor que ter a mão do Senhor trabalhando em nossas vidas, não há nada melhor que ser modelado pelo próprio Deus.
Uma das vantagens de ser barro molhado na mão do Senhor é ter a certeza que ele não nos lançará fora. O oleiro não desperdiça seu material, por isso é que ele quando vê um defeito em sua confecção, ele desmancha e torna a fazer outro vaso, porque o barro molhado é precioso para ele. O barro molhado acaba por ser mais resistente que o barro endurecido, pois ele pode ser pisado e amassado, mas não deixa de ser barro, diferente do barro endurecido que quando é atacado, vira cacos.
Esta noite, percebemos a realidade de dois tipos de crentes: uma que não é tão agradável de conceber, pelo sofrimento que os ataques do inimigo lhe impõem; a realidade do barro molhado é totalmente diferente, é a realidade daquele que não se afasta da vontade do Senhor, é aquele que não se afasta do trabalhar de suas mãos. O barro feito jarro quando passa pelo fogo, sai da mão do oleiro e vai para a mão de quem comprar. O barro molhado sempre fica na mão do oleiro.
Escolhamos, pois, estar sempre nas mãos do oleiro, que é o nosso Deus, para que ele modele a nossa vida de acordo com sua vontade. Amém!

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