Pr. Edivaldo Rocha
“Por que dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu
caminho está escondido do SENHOR, e o meu direito passa despercebido ao meu
Deus? Não sabes? Não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos confins
da terra, não se cansa nem se fatiga? O seu entendimento é insondável. Ele dá
força ao cansado e fortalece o que não tem vigor” Is 40:27-29.
Eu sempre achei
interessante a qualidade da fé do povo de Israel. Se dermos uma olhada rápida
no livro dos juízes, poderemos constatar que do ponto de vista espiritual, o
povo de Israel vivia em altos e baixos (a verdade é que eram mais baixos que
altos). É fácil percebermos que o povo vinha caminhado até bem, mas bastava
alguém incitar ao erro que não demorava muito, povo desandava em sua fé.
A pessoa do
líder era sobremaneira responsabilizada pelo sucesso ou insucesso espiritual da
nação. Se um líder era temente a Deus, este fazia de tudo para manter o povo
neste caminho e para isso se desgastava demais. Porém, quando o líder não era
temente a Deus, não precisava de muito esforço e não precisava incitar duas
vezes, pois o povo corria de braços
abertos para o pecado.
O que é
lamentável nesse panorama todo é ver o fato de um povo que não aprendeu com sua
própria história. Falo isso, pois se lermos o salmo 139 de autoria do rei Davi,
constataremos em sua exposição poética que não importa onde estejamos, Deus
sempre contemplará os nossos passos. Resumidamente o salmista destaca:
“Tu me sondas e me conheces. Sabes quando me
sento e quando me levanto; conheces de longe o meu pensamento. Examinas o meu
andar e o meu deitar; conheces todos os meus caminhos. Antes mesmo que a
palavra me chegue à língua, tu, SENHOR, já a conheces toda. Tu estás ao meu
redor e sobre mim colocas a tua mão. Tal conhecimento é maravilhoso demais para
mim; elevado demais para que eu possa alcançá-lo. Para onde me ausentarei do
teu Espírito? Para onde fugirei da tua presença? Se eu subir ao céu, lá tu
estás; se fizer a minha cama nas profundezas, tu estás ali também. Se tomar as
asas da alvorada, se habitar nas extremidades do mar, ainda ali a tua mão me
guiará, e a tua mão direita me sustentará. Se eu disser: As trevas me encobrirão
e a luz ao meu redor se transformará em escuridão; até mesmo as trevas não
serão escuras para ti, mas a noite brilhará como o dia; pois as trevas e a luz
são a mesma coisa para ti” Sl 139:1-12.
Davi compôs esse
salmo por volta do ano 1000 a.C. e com apenas duzentos e poucos anos, o profeta
Isaías já estava precisando perguntar às pessoas da nação de Israel se eles não
sabiam que Deus via e sabia de todas as coisas (Is 40:28).
O povo murmurava
de tal forma como se Deus fosse surdo. A nação se entregava de tal forma ao
pecado, como se Deus fosse cego. A verdade é que nada escapa dos olhos do
Senhor. Mas se nada escapa, precisamos no mínimo responder uma pergunta: se nada escapa dos olhos de Deus, por que
ele então não se apressa em nos socorrer?
Sei que muitos que estão aqui hoje já
fizeram ou tentaram responder essa pergunta que só tem uma resposta: Deus virá em nosso socorro quando ele achar
que deve, ou seja, no momento certo.
E talvez nesse
momento, você queira me jogar na parede, e me segurar pelo colarinho e
perguntar: e até Deus achar que é o
momento certo, o que eu faço?
Essa com certeza
não deixa de ser uma pergunta justa, pois só há uma coisa a fazer quando nos
encontramos em uma situação crítica. Ou seja, quando passamos por uma tribulação,
por uma prova, por uma situação de sofrimento, quando já apostamos todas as
nossas fichas e ainda assim permanecemos no olho do furacão, a única coisa a
fazer é sobreviver, a única coisa a fazer é resistir e suportar.
Quando o apóstolo Paulo escreveu a sua primeira carta aos
cristãos de Corinto, ele disse que “não veio sobre vós nenhuma tentação que não
fosse humana. Mas Deus é fiel e não deixará que sejais tentados além do que
podeis resistir. Pelo contrário, juntamente com a tentação providenciará uma
saída, para que a possais suportar” (1ª Co 10:13).
E ele continua dizendo “Portanto, meus amados, fugi da idolatria”
(1ª Co 10:14).
Meus queridos irmãos, vocês sabem por que o apóstolo Paulo,
após falar que não vem tentação além daquelas que podemos suportar, ele
mencionou a necessidade de fugir da idolatria? Porque é muito comum no momento
de desespero, nós apelarmos para qualquer coisa. E nessa apelação, pecarmos
pela idolatria ou pela falta de fé.
Era isso que estava acontecendo com o povo de Israel na época
do profeta Isaías. Por conta das más escolhas que a nação como um todo havia
feito, o povo estava amargando as consequências de uma vida afastada de Deus. Certa vez, uma moça da sala dos jovens
ilustrou uma situação desse tipo dizendo: se não aprendermos a nadar em águas
tranquilas, quando chegar as águas tumultuosas é que não aprenderemos mesmo. O
que isso quer dizer no que se refere ao nosso relacionamento com o Senhor? Quer
dizer que se não aprendermos a confiar no Senhor quando passamos pelos bons
momentos da vida, nas dificuldades será muito mais difícil.
Isso não quer dizer que se por acaso buscarmos a Deus só nas
dificuldades, ele nos virará as costas. O que eu quero dizer é que quem treina nado com Deus em águas tranquilas
terá certa experiência quando chegarem as águas turbulentas.
Por
não buscarmos a Deus no momento oportuno, ficamos mais propensos a tentar
resolver as coisas do nosso jeito e com isso nos afundamos mais e mais. O povo
de Israel é um trágico exemplo disto que acabo de falar. Quando achavam que Deus
estava demorando em resolver as suas petições, eles apelavam para ídolos,
apelavam para outros cultos e facilmente se desviavam dos caminhos
estabelecidos pelo Senhor.
O
profeta Isaías é muito honesto quando apresenta a sua mensagem e reconhece que
não é fácil passar por situações onde as nossas forças parecem se esgotar; não
é fácil lidar com a enfermidade; não é fácil lidar com o desemprego; não é
fácil se sentir impotente diante dos problemas familiares. Quem aqui nunca se
sentiu impotente diante de uma crise no casamento? Quantos aqui não ficaram sem
saber o que fazer e o que falar para resolver os problemas com os filhos? Quando
parece que tudo que tentamos é inadequado. Como ficamos angustiados ao perceber
que o nosso salário não é mais suficiente para quitar as contas mensais; e mais
angustiados ainda quando não dispomos sequer de um salário.
Isaías
reconhece que nem sempre conseguimos perceber de imediato os projetos de Deus
em nossas vidas e que no meio da caminhada é comum nos sentirmos fracos e
abandonados. É por essa razão que o profeta conforta e anima o povo de Deus
dizendo: “Ele dá força ao cansado e fortalece o que não tem vigor. Os jovens se
cansarão e se fatigarão, e os moços cairão, mas os que esperam no SENHOR
renovarão suas forças; subirão com asas como águias; correrão e não se
cansarão; andarão e não se fatigarão” (Is 40:29-31).
O
profeta Isaías com essas palavras estava convocando o povo a manter-se fiel a
Deus; com essas palavras, o porta-voz do Senhor desafiou o povo a mais um ato
de fé e confiança; com essas palavras, ele declarou que Deus estava presente
junto ao povo, juntos aos seus filhos,e hoje, está presente junto a nós.
É por
essa razão que dizemos: não permita que
as adversidades frustrem a fé que você tem em Deus, porque a fé é a única coisa
que nos mantém de pé quando os demais recursos falham. É essa fé que mantém
viva a chama da esperança em nossos corações e nos faz ter a certeza que Deus
está no controle de tudo. Amém!
http://www.youtube.com/watch?v=1uEvXoG3zA8
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