domingo, 15 de maio de 2011

Mês da Família - Igreja Batista Sião

QUANDO PERDEMOS A ALEGRIA
*Pr. Edivaldo Rocha

Este é o mês em que os Batistas enfatizam a família. O tema proposto pelos Ministérios da Família e Pastoral reflete algo que precisa ser encarado com urgência: o desafio da reconciliação.
Quando pensamos nesse tema, concluímos que só precisará viver o desafio da reconciliação aquela família que por um motivo ou outro rompeu os laços que unem a família. Ou seja, só precisa ser reconciliado aquela que quebrou o elo.
Diante disso, alguém poderia deduzir: então, se eu estou em plena conciliação com aqueles que formam minha família, eu não preciso ouvir ou assumir o desafio proposto para este mês. Talvez aqueles que, pela graça de Deus, conseguiram manter a conciliação não precisem assumir o desafio da reconciliação, mas com certeza precisarão assumir outro: o desafio de permanecer conciliado.
Nessa manhã, eu não sei dizer qual dos dois desafios é maior, porém não tem como deixarmos de notar que ambos os desafios são uma necessidade urgente para uma sociedade que nas últimas décadas aprendeu a conjugar os verbos dividir, separar, desfazer, dentre outros.
O texto base de nossa reflexão não apresenta o exemplo de uma família. Pelo menos não no sentido usual como entendemos; pai, mãe filhos, etc. Porém em um sentido mais amplo, podemos entender que uma nação, que um povo, que uma igreja também são formas de famílias.
Acompanhem comigo a passagem de Números 20:2-12
“Não havia água para o povo; então, se ajuntaram contra Moisés e contra Arão. 3E o povo contendeu com Moisés, e disseram: Antes tivéssemos perecido quando expiraram nossos irmãos perante o Senhor! 4Por que trouxestes a congregação do Senhor a este deserto, para morrermos aí, nós e os nossos animais? 5E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este mau lugar, que não é de cereais, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem de água para beber? 6Então, Moisés e Arão se foram de diante do povo para a porta da tenda da congregação e se lançaram sobre o seu rosto; e a glória do Senhor lhes apareceu. 7Disse o Senhor a Moisés: 8Toma o bordão, ajunta o povo, tu e Arão, teu irmão, e, diante dele, falai à rocha, e dará a sua água; assim lhe tirareis água da rocha e dareis a beber à congregação e aos seus animais. 9Então, Moisés tomou o bordão de diante do Senhor, como lhe tinha ordenado. 10Moisés e Arão reuniram o povo diante da rocha, e Moisés lhe disse: Ouvi, agora, rebeldes: porventura, faremos sair água desta rocha para vós outros? 11Moisés levantou a mão e feriu a rocha duas vezes com o seu bordão, e saíram muitas águas; e bebeu a congregação e os seus animais. 12Mas o Senhor disse a Moisés e a Arão: Visto que não crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso, não fareis entrar este povo na terra que lhe dei. 13São estas as águas de Meribá, porque os filhos de Israel contenderam com o Senhor; e o Senhor se santificou neles.”

            Nessa passagem há quatro momentos, os quais podemos associar a situações do dia a dia de todas as famílias:
            1- O primeiro deles é momento quando surgem os problemas. Do segundo ao quinto verso de Números 20, notamos o surgimento de um problema: o povo estava com sede. Não é difícil encontrar em uma família um parente alguém que pegue um problema e o transforme em uma maneira de atormentar os outros. Antes que o povo reclamasse da sede, Moisés já percebera que não havia água, mas não faltaram aqueles que usaram do problema para atacar o seu líder.
            Deparamos-nos com problemas e críticas todos os dias e podemos encará-los de várias maneiras: podemos sucumbir aos problemas, permitindo que eles nos contaminem com atitudes e sentimentos negativos ou podemos confrontá-los com serenidade.
            Serenidade é a ação daquele que tem paz de espírito e que procede com reflexão, sem paixão; de maneira equilibrada, sensata, ponderada e imparcial (HOUAISS. 2002). Esses com certeza não eram caracteres do povo que era liderado por Moisés e por seu Irmão, Arão.
            Moisés não escolheu ser israelita, do mesmo modo que não podemos escolher os nossos parentes. Contudo isso não é algo para lamentarmos, pois Deus tem um propósito para a vida até dos parentes mais complicados. E não importa que eles façam de um copo com água uma tempestade.
            2- O segundo momento corresponde aos versos 6, 7 e 8 que descrevem um líder, que pode também representar um chefe ou uma chefe de família, precisa encontrar a solução para um problema. Há em algumas famílias certos personagens, os quais não são necessariamente reconhecidos como chefes, mas diante dos problemas, são aqueles que se responsabilizam para promover uma solução.
            As críticas e ofensas dirigidas a Moisés e a Arão os fizeram buscar uma resposta para a crise que se instalou no meio do povo. Esse trecho nos mostra uma grande verdade acerca dos problemas: eles precisam ser resolvidos. Uns resolvem-se com o tempo, mas outros precisam de intervenção direta e objetiva. Não são poucas as pessoas que tentam empurrar os problemas com barriga e quando se dão conta estão afundados até o pescoço com coisas mal resolvidas.
            3- Por mais que Moisés não gostasse daquela situação, ele sabia que não era saudável para ele nem para seu povo deixar aquilo para ser resolvido depois.
            Moisés buscou uma solução para o problema do povo e não tardou em pô-la em prática. Porém, a solução de um problema não significa que a felicidade é certa. Tudo dependerá da forma como colocamos a solução em prática. É disso que fala o terceiro momento do texto.
            Depois que Moisés buscou a Deus para intervir ante o problema da falta de água, o Senhor deu instruções bem precisas a Moisés: “Disse o Senhor a Moisés: 8Toma o bordão, ajunta o povo, tu e Arão, teu irmão, e, diante dele, falai à rocha, e dará a sua água; assim lhe tirareis água da rocha e dareis a beber à congregação e aos seus animais (Nm 20:7-8).
            As instruções de Deus destacavam quatro ações: 1- ajuntar o povo; 2- falar à rocha; 3- tirar água da rocha; 4- dar de beber ao povo. E o que Moisés faz? Acompanhem os versos 10 e 11: “Moisés e Arão reuniram o povo diante da rocha, e Moisés lhe disse: Ouvi, agora, rebeldes: porventura, faremos sair água desta rocha para vós outros? 11Moisés levantou a mão e feriu a rocha duas vezes com o seu bordão, e saíram muitas águas; e bebeu a congregação e os seus animais”. Das orientações dadas por Deus, Moisés só cumpriu a primeira: reunir o povo. Em seguida ele repreende o povo e agressivamente bate na rocha. A partir dai o povo “se virou” sozinho.
            Moisés perdeu uma virtude indispensável a todo aquele que busca a reconciliação: a serenidade. Quando perdemos a paz de espírito, a tranquilidade e a moderação, temos a tendência de sermos agressivos e lançamos mão daquilo que deveria ser a solução de um problema como arma de contra-ataque àqueles que estão à nossa volta. Moisés “jogou na cara do povo” que ele era o detentor da solução para o infortúnio da falta de água.
            Se tentarmos resolver um problema da forma que Moisés resolveu o problema da água no deserto só alcançaremos um resultado: resolveremos um problema e  geraremos outro chamado divisão.
            4- Tudo que fazemos de errado tem um preço. E o preço que Moisés teve que pagar foi o de não entrar na terra de Canaã. Logo o quarto momento da passagem diz respeito às consequências que temos que pagar por conta das mancadas que cometemos.
            Conclusão: diante desse quadro do capítulo 20 de Números, não temos como deixar de notar que Moisés perdeu a alegria de estar no meio do povo. Ele perdeu aquele brilho na face (Êx 34:29-30) que o acompanhava.
            É por essa razão que digo que, embora seja de extrema necessidade, não é fácil encarar o desafio da reconciliação ou o desafio de manter-se conciliado. Pois os problemas que temos que encarar como família tentam nos roubar a alegria de desfrutar das promessas de Deus às famílias da Terra (Gn 12).
            Quando Moisés perdeu a alegria de estar com o povo, ele comparou-se a muitas pessoas que não sentem satisfação em estar com seus parentes. Quantos pais, quantas mães, quantos filhos não preferem ficar até tarde nas ruas por não suportarem entrar em suas casas. Isso é reflexo da alegria perdida em meio aos conflitos familiares, em meio às crises financeiras, em meio aos problemas de saúde. Uma coisa é certa: enquanto estivermos aqui nesse mundo esses infortúnios estarão sempre à nossa volta, mas se os encararmos com serenidade, sem perdermos a alegria, contemplaremos a vitória daqueles que nos cercam. E num âmbito mais amplo veremos vidas sendo transformadas na igreja, habitaremos em lugares seguros
            Precisamos encarar com a máxima urgência os desafios da reconciliação e de permanecermos conciliados, a fim de não sermos privados das promessas de Deus para as nossas vidas e de nossas famílias. Para encararmos esses desafios, precisamos nos revestir com toda serenidade, colocando abaixo todo sentimento de divisão, amargura e agressividade, pois só assim poderemos contemplar as bênçãos que Deus tem reservado para nossas vidas. Amém!

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